Raul Livre!

12.4.03


Notícias de Havana
Falamos com Blanca Reyes, esposa de Raúl, por telefone, esta noite. Ela nos informou que Raúl, preso desde 20 de março, se encontra em uma cela pequena, que divide com condenados por posse de drogas e outros delitos. As condições são precárias e ele já perdeu cerca de 10 quilos neste período. Somente Blanca tem tido acesso a Raúl, em visitas que duram 10 minutos, às quartas-feiras.

A companheira de Raúl informou ainda que intelectuais de vários países estão se mobilizando pela libertação do poeta. Um dos manifestos mais fortes veio da Espanha, onde artistas como os cantores Ana Belén e Juan Manuel Serrat e o cineasta Pedro Almodóvar assinaram um documento protestando contra a decisão do governo cubano.

Os últimos detalhes do processo podem ser lidos no site Encuentro.



9.4.03


Enquanto isso...
Saiba detalhes da prisão de Raúl Rivero contados por sua mulher, Blanca Reyes, no site Nueva Prensa, que dedica sua edição de hoje ao caso.


Apóie a libertação de Raúl Rivero
Nos próximos dias, nós, amigos do poeta e jornalista Raúl Rivero, abriremos um canal de comunicação neste blog para que todos possam se manifestar e reforçar nossa causa pela libertação de Raúl. Ele sempre foi uma voz pela liberdade. Que nós sejamos também.


Intelectuais brasileiros
O objetivo também é conseguir o apoio de intelectuais brasileiros, muitos com simpatia pela história de Cuba, para que ajudem a encontrar um diálogo com o governo de Havana. Mesmo que todos nós tenhamos críticas à postura americana de perseguição ao regime cubano, isto não interfere na luta pelos direitos humanos que todos defendemos aqui ou em qualquer parte do mundo.

Não queremos interferir na vida interna de Cuba, mas não podemos fechar os olhos para os erros cometidos pelo regime.

Condenar um pacifista como Raul Rivero é um deles.


Contra a direita de Miami
Raul é um dissidente cubano que não tolera a direita anticastrista de Miami e entende que a liberalização do regime tem que ser gradual.

Ele teve diversas ofertas para deixar o País, mas sempre entendeu que era preciso tentar uma ponte para o futuro que não relegasse as possibilidades políticas de Cuba a um eterno enfrentamento entre os que defendem o regime e a direita mais feroz.


Asilo político: apelo ao Governo brasileiro
Este movimento defende uma negociação, mesmo delicada, entre os governos do Brasil e de Cuba. Aos 58 anos, com problemas de saúde, Raul é um cubano de talento reconhecido em diversos países, defensor da não-violência, e não merece passar o restante de sua vida numa prisão sem ter cometido nenhum crime.

Por isso, defendemos que o governo brasileiro dê asilo político ao poeta Raul Rivero, sem que isso se transforme numa plataforma de discussão contra o governo cubano. O apelo será encaminhado ao novo embaixador brasileiro em Havana, Tilden Santiago.


"Soy un cubanazo"
Após o envio da carta, Raúl abandonou o "jornalismo oficial", denunciando que ele produzia "uma ficção sobre um país que não existe". Em 1995, fundou a agência de notícias Cuba Press, reunindo 40 jornalistas independentes de várias regiões do país e se tornou um pioneiro da imprensa dissidente na Ilha.

Líder do grupo de "jornalistas não-governamentais", como classificam as agências de notícias internacionais, Rául emergiu como "um cruzado da liberdade de expresssão." Seus artigos são publicados nos EUA e em vários países da Europa, além da Internet.





Em novembro de 1999, Fidel Castro disse em cadeia nacional de TV que a Rivero "nunca será permitido viajar para fora do país", impedindo-o de receber prêmios internacionais como os concedidos pela Universidade de Stanford, pela organização Repórteres Sem Fronteiras e pela Associação Interamericana de Imprensa. O governo acha que Raúl aproveitaria uma dessas viagens para fugir do país.

"Soy un cubanazo", costuma dizer ele, batendo no peito e completando:"De Cuba no me voy."

Infelizmente, a Justiça cubana não entendeu como um de seus críticos ainda mantém na alma o mesmo fervor socialista que fez seus livros serem adotados pelo próprio governo nas escolas primárias da Ilha.

Raúl não é um traidor. Mas sofre as conseqüências de possuir o perigoso dom da lucidez.


Voz dissonante
Raúl Rivero é um dos mais importantes nomes da poesia cubana da atualidade e um dos nomes mais respeitados do jornalismo mundial hoje, ocupando, inclusive, o cargo de vice-presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da Associação Interamericana de Imprensa.

Ele vivia a situação inusitada de ter sido banido pelo governo do seu país e mesmo assim viver dentro dele. Isso aconteceu há 13 anos, quando ele começou a ser considerado persona non grata pelo governo porque resolveu criticar o sistema - mesmo se considerando um verdadeiro socialista.

Ele nasceu em 1945, na província de Morón - Camagüey, região central de Cuba - e faz parte da primeira geração de jornalistas formados pela Universidade de Havana após a revolução de 1959.

Na década de 60, Rivero foi assessor pessoal do poeta nacional de Cuba, Nicolás Guillén. Em 1966, ele fundou a revista cultural El caimán barbudo (O jacaré barbudo). Foi correspondente da Prensa Latina (a agência de notícias oficial de Cuba), em Moscou, de 1973 a 1976, quando retornou a Cuba e se tornou responsável pela cobertura das áreas científica e cultural da agência.

Em Cuba, foram publicados os livros Papel de hombre (Prêmio Dadvid 1969); Poesía sobre la tierra (Prêmio Julián del Casal 1972); Corazón que ofrecer (1980); La nieve vencida (Reportagem, 1981); Cierta poesía (1982) e Poesía Pública (1983), entre outros.

Em 1989, Raúl renunciou ao seu cargo de Vice-presidente da Uneac - União Nacional dos Escritores e Artistas Cubanos - e dois anos depois, em 2 de junho de 1991, assinou, junto com outros 10 escritores, a "Carta dos Intelectuais", em que pedia ao governo cubano, entre outros pontos:

- Liberdade para os presos de consciência
- Mercado livre campesino (liberdade para os pequenos agricultores comercializarem seu excedente de sua produção, ou seja, o que não era fornecido para o Estado)
- Eleições gerais
- Liberdade de imprensa


Injustiça
O escritor e jornalista Raúl Rivero, de 58 anos, foi condenado a 20 anos de prisão pela Justiça cubana por suposta traição ao governo.



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